Skip to content

dmcpatrimonio/catetinho

Folders and files

NameName
Last commit message
Last commit date

Latest commit

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Repository files navigation

title
Catetinho: trajetórias na apropriação de um monumento incomum

Esta pesquisa discute os processos de musealização e apropriação social do Catetinho, primeira estrutura erguida durante a construção de Brasília, em 1956, e tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1959.

Popularmente lembrado como a residência presidencial provisória de Brasília, o edifício padeceu de sua situação à margem das duas principais correntes de patrimônio cultural no Brasil dos anos 1970 e 80. Não se enquadrava nem na monumentalidade artística convencional, do conjunto arquitetônico pelo qual seu arquiteto, Oscar Niemeyer, é melhor conhecido, nem na mais recente ênfase na expressão de práticas culturais populares, personificada na idealizada epopeia dos candangos.

Os sessenta anos recentemente completados pelo Catetinho dividem-se em três períodos de características diversas, mas todos permeados pela tensão entre esquecimento e apropriação. Nos primeiros vinte anos, o Palácio de Tábuas permaneceu tão esquecido pela memória coletiva e pela DPHAN, que nunca cogitou instalar ali sua inspetoria em Brasília, quanto o solitário zelador residente.

A morte de Juscelino Kubitschek e a transferência do Catetinho à gestão do Distrito Federal conduziram à sua ressignificação em 1978 como memorial dos primórdios da construção de Brasília e local de culto à personalidade de JK, Israel Pinheiro e Bernardo Sayão. A designação como museu pouco fez para alterar a configuração do espaço arquitetônico, do acervo, ou da percepção social do edifício. Durante esse segundo período, firmou-se a visão do Catetinho enquanto imagem fantasmagórica dos tempos pioneiros, amálgama de acréscimos arquitetônicos em estilo de época e objetos amealhados com mais intenção cenográfica do que científica.

O ímpeto cultural dos anos 1980, entre candangos e a inscrição de Brasília no patrimônio mundial, se estendeu ao Catetinho, celebrado na imprensa ao longo da década de 1990 e imprudentemente rejuvenescido para atender aos apelos pelo reconhecimento de suas feições originais. Arrefecido o compromisso político com a musealização do palácio, este parece cumprir uma espiral de retorno às origens num estrato pós-moderno da memória. Diante do estado de espírito atual, pouco afeito a celebrar a memória de personagens e feitos heroicos, restou ao Catetinho tornar-se fantasma, não mais da eterna presença dos desbravadores JK, Pinheiro e Sayão, mas tão somente museu morto-vivo de sua própria patrimonialização.

Desprovido de inventário do acervo, com sua materialidade renovada celebrando a antiguidade, tornado quase inacessível por recentes obras de acessibilidade urbana, o Catetinho é uma nau de Teseu à deriva, esperando o próximo período de ressignificação de seu tombamento.


Catetinho: trajetórias na apropriação de um monumento incomum (c) 2020 by Marina M. Mennucci & Pedro P. Palazzo

Catetinho: trajetórias na apropriação de um monumento incomum is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivs 3.0 Unported License.

You should have received a copy of the license along with this work. If not, see http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/.

About

Patrimonialização e patologias estruturais no Catetinho.

Resources

License

Stars

Watchers

Forks

Releases

No releases published

Packages

No packages published